Museu Índia Vanuíre: Acervo índigena é um dos mais importantes do Estado de São Paulo

Geral


26/04/2024 - Com cerca de 38 mil objetos museológicos, o acervo do Museu Histórico e Pedagógico “Índia Vanuíre” reúne peças da história da cidade e artefatos e objetos de diferentes povos indígenas no Brasil, formando um dos mais importantes acervos do Estado de São Paulo.
O acervo permite que o museu promova uma discussão em torno do processo de colonização do Oeste de São Paulo e a relação, no passado e no presente, entre indígenas (ainda presentes na região) e não indígenas. A coleção histórica representa a formação e o desenvolvimento do município, desde o núcleo inicial de 1929, e a contribuição dos grupos de imigrantes como letos, espanhóis, portugueses, japoneses, árabes e outros.
A hemeroteca reúne os principais jornais originais, mais de 10 mil edições, de Tupã do final da década de 1940 até meados dos anos 1990.
A coleção indígena representa diversos povos presentes no território brasileiro, como os karajá, kayapó, rikbaktsa, suyá, tapirapé, asurini, kaapór, wajãpi, waujá, bororo, yanomami e outros. Reúne objetos de caça, uso doméstico e de outras atividades cotidianas e ritualísticas dos povos indígenas, além de plumária, cerâmica, cestaria e tecidos. Um dos destaques é a cerâmica kaingang produzida no Oeste de São Paulo.

Programação

Hoje, sexta-feira, dia 26, o museu terá como atração o programa “Cultura e Questões Indígenas em Foco”, que tem o compromisso de divulgar questões relacionadas aos povos indígenas, para que novas gerações reconheçam a contribuição e a influência de diversos grupos para a construção da sociedade brasileira. O vídeo escolhido para apresentação de hoje é o episódio “Primeiros Contatos”, da série “Índios no Brasil”. Trechos do filme “Sertão, Entre os Índios do Brasil Central”, de Genil Vasconcelos, também mostrarão o primeiro contato de índios xavantes, da região Centro-Oeste, com não indígenas na década de 1950. O episódio traz ainda algumas cenas do filme “Guerra de Pacificação na Amazônia”, de Yves Billion, que aborda os impactos sofridos pelos indígenas do Noroeste do Brasil pelo contato com as frentes de expansão, na década de 1970. A programação acontecerá às 10 horas e às 14 horas. O museu está localizado na Rua Coroados, 521.

Cabeça reduzida é a peça mais macabra do acervo


26/04/2024 - Crânio disforme; queixo alongado, semelhante ao de um macaco; cabeleira desgrenhada e um tanto grisalha; olhos cerrados, lábios costurados com uma espécie de fibra; o rosto enrugado possui espécie de serenidade duradoura e inquebrantável que só os mortos são capazes de transmitir. Como um objeto que tem mais ou menos o tamanho de um punho humano pode provocar tanto medo, perplexidade e repulsa nas pessoas? Talvez porque as cabeças em miniatura representem a morte escancarada, a materialização de um gesto extremo de violência do homem contra o homem.
O Museu Histórico e Pedagógico “Índia Vanuíre” contava ou conta ainda (não se sabe) com dois desses macabros artefatos em seu acervo. O mais antigo chegou ao local há mais de três décadas, por intermédio de Nair Ghedini, esposa do fundador do município, Luiz de Souza Leão.
Ninguém sabe ao certo como a cabeça foi parar no museu. A única certeza é que ela foi adquirida por Nair em um leilão ocorrido na capital. Como, porém, não há registros oficiais da existência de tribos de “encolhedores de crânio” na Terra da Garoa, é muito provável que o artefato tenha vindo do Equador ou do Peru.
Isto porque os dois países andinos são o lar dos shuaras, membros de uma das tribos indígenas mais isoladas da região amazônica. Antes mesmo de os espanhóis chegarem ao local, os integrantes da etnia já demonstravam ser um povo bastante arredio.
Por volta de 1470, durante expedição a uma área situada entre as atuais fronteiras do Peru e do Equador, os soldados do imperador inca Túpac Yupanqui teriam ficado chocados após entrarem em contato com os shuaras. Além de se mostrarem ferozes combatentes, tinham o hábito de decapitar os inimigos vencidos e reduzir suas cabeças até ficarem menores que os seus punhos.
Essa sensação de repulsa iria se repetir entre os colonizadores espanhóis, que chegaram à região no século seguinte. A fama dos shuaras se tornou tão grande entre os conquistadores, que os integrantes da tribo passaram a ser designados popularmente pela expressão pejorativa “jívaros”, que em português quer dizer “selvagens”. Tudo por causa das benditas cabeças em miniatura.
Por muito tempo, as técnicas de encolhimento permaneceram um mistério para os europeus. A partir do século 19, porém, expedições de pesquisa começaram a estabelecer os primeiros contatos com os shuaras.
Os estudiosos chegaram então à conclusão de que as cabeças encolhidas são resultado de um método original de mumificação desenvolvido pelos índios. Após uma batalha, os guerreiros shuaras saíam recolhendo os cadáveres dos inimigos que havia conseguido matar.
Depois, a cabeça era separada do resto do corpo na altura do tronco. Uma incisão era feita na parte posterior do crânio; pele, cabelos e bigodes (ou seja, tudo o que ajuda a formar a expressão de um rosto humano) eram separados dos ossos e dos músculos. O couro era então limpo e mergulhado em uma vasilha contendo água fervente e extratos vegetais, onde permanecia durante horas.
Por fim, a pele era deixada ao sol para secar. Pedras quentes eram postas em seu interior, para conferir uma forma arredondada ao artefato. Uma espécie de prega de madeira era colocada na boca da cabeça para impedir que o objeto sofresse deformações.
O processo de encolhimento costumava durar seis dias; ao sétimo, a aldeia celebrava uma grande festa ritual chamada tzantza, nome pelo qual também são denominadas as cabeças encolhidas na língua shuara.
Concluído o processo de mumificação, as cabeças eram colocadas na ponta de um bastão e usadas como amuletos; ou então, presas aos mantos dos guerreiros, como sinal de valentia. Além do exemplar obtido por Nair Ghedini, o Museu “Índia Vanuíre” conta com outro artefato do gênero, recebido do Governo do Estado na metade dos anos 90.

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