Nosso calendário

Geral


(*) Osvaldo Teruo Morinaga
 
09/05/2024 - Sempre fui movido pela curiosidade de conhecer a origem das coisas. Por mais banal que seja um assunto, há verdades ocultas e desconhecidas. Uma boa pesquisa e leituras elucidam alguns mistérios e tenho o hábito de anotar nos meus arquivos mentais. 
Sobre o nosso calendário já tinha conhecimento das várias mudanças ocorridas através dos tempos, desde os arranjos dos antigos romanos até os dias atuais. Todas as mudanças giram em torno do poder e da glória. 
Encontrei algumas explicações em um texto do filósofo e professor Mário Sérgio Cortella, que teve o trabalho de pesquisar e compartilhar esses fatos históricos. Sic transit gloria mundi. É a citação em latim que significa “Assim passa a glória do mundo”, é declamada no ritual de nomeação de um papa recém eleito, ocasião em que é queimado um tecido de estopa enquanto a frase é pronunciada e o fogo rapidamente consome o tecido. 
A simbologia indica que o poder e a glória são tão efêmeros quanto as chamas que consomem o tecido. O poder e glória assumidos com empáfia ou insolência, com sinais de soberba e petulância egoísta, são passageiros. É uma glória de pura fantasia e simples quimera. 
Voltando ao título deste artigo, o nosso calendário foi afetado pela arrogância daqueles que pretenderam garantir a imortalidade e se apegaram à “glória do mundo”. É conhecido hoje como Calendário Gregoriano porque foi reorganizado pelo papa Gregório XIII no ano de 1582. 
Segundo o que nos conta a História, até o século 8 a.C. o ano romano da Antiguidade possuía apenas dez meses e se iniciava em 1º de março (martius), depois se seguia aprilis, maius e iunius e daí para frente utilizaram os numerais para nomear os meses subsequentes: quinctilis,sextilis, september, october, november e december. Como o ano com dez meses não se acertava com a translação da Terra ao redor do Sol, os romanos introduziram mais dois meses (januaris e februarius), que ficaram no final da série. 
No século um A.C. o ditador Júlio César fez a reordenação colocando janeiro e fevereiro no início, mantendo o ano de doze meses. Até hoje se confunde e poucos entendem por que setembro é o mês nove (poderia ou deveria ser mês sete) ou dezembro como o mês 12 ao invés de mês 10. Outra mudança foi feita no mês qunctilis (mês sete) para Julius para homenagear o governante Júlio César, mês com trinta e um dias. 
Alteraram novamente o calendário depois dessa última mudança, feita por Marco Antônio, apoiador de César. Com o assassinato de César, assumiu o Triunvirato composto por Marco Antônio, Lépido e Otávio. Por intrigas internas, Otávio destituiu Lépido e derrotou Marco Antônio, sendo nomeado pelo Senado com o título de Otávio, o Augusto, e levado a se tornar o primeiro Imperador Romano e por fim nomeado o Grande Pontífice. 
Com todo o poder e a glória, Augusto (Otávio) entendeu não ser adequado para alguém “do porte dele” não ser perpetuado com seu nome no calendário e não teve dúvidas em alterar o sexto mês, antigo sextilis para augustus. Mas não foi só essa a alteração no “seu mês”; seguindo a lógica da alternância dos meses com 30 e 31 dias (exceto fevereiro que na época era ainda o último mês e usado para acertos no final da translação), Otávio, o Augusto, no alto do seu poder, não admitiu que o seu mês tivesse um dia a menos que o mês de seu desafeto Júlio César e com “uma canetada” aumentou em mais um dia o seu mês. Não admitia ficar abaixo do seu desafeto. É por essa razão que os meses de julho e agosto têm trinta e um dias. E assim ficou o nosso calendário e até hoje as razões para os nomes dos meses e esses “desvios” nada científicos permaneceram na História para satisfazer os caprichos de ditadores e imperadores que tinham o poder de mudar até o tempo. 
Outros povos também se utilizaram de calendários próprios, como os maias e os antigos chineses com data de início do ano defasado do nosso padrão internacional. Uma coisa é certa: os calendários obedecem ao ciclo solar ou lunar e as diferenças não são comprometedoras, porque todos obedecem aos equinócios e solstícios que podem variar a cada latitude. Entretanto, uma padronização foi útil e necessária para que todos os povos caminhem na mesma direção com relação ao tempo.
 
(*) Osvaldo Teruo Morinaga - osvaldomorinaga@gmail.com

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