A marcha antifascista dos estudantes americanos

Geral


(*) Jesus Guimarães

30/04/2024 - Na década de 1960 a prepotência dos EUA no extremo-Oriente ultrapassou todos os limites a ponto de atirarem bombas de napalm que não só desfolhavam as florestas como derretiam a pele das crianças do Vietnam. Nessa hora, foram os próprios americanos, sobretudo seus estudantes universitários, que aos milhares saíram às ruas protestando em defesa da vida daquelas populações inocentes e contra a morte injustificável de seus recrutas em terras estrangeiras. 
Voltam agora às mesmas ruas para bradar indignados contra a matança indiscriminada de civis no genocídio que Israel, comandado por Netanyahu, promove contra os palestinos, um povo desarmado, escondido sob os escombros de prédios bombardeados e que até hoje sequer conseguiu ser reconhecido como Estado, vez que tudo o que seus vizinhos almejam é tomar até o último hectare de suas terras.
Notável é que entre os estudantes e intelectuais que ocupam as ruas ianques estão um número significativo de judeus que, por não serem adeptos do sionismo, envergonham-se diante do comportamento truculento e desumano de seus patrícios no Oriente médio. Até rabinos participam dessas marchas, indicando que o comportamento do governo israelense foge aos ditames do judaísmo. 
Apesar disso, tais manifestações, pacíficas e legítimas, não só estão sendo duramente reprimidas pela polícia americana, como ensejam ameaças abertas de corte de verbas para universidades. Na Europa, movimentos similares crescem a cada denúncia, a mais recente sobre a descoberta de quatrocentos corpos de palestinos (inclusive de mulheres e crianças) enterrados sob o piso de hospitais em Gaza, a maioria manietados, providência que indica execução sumária. Até em Israel há protestos pedindo o fim da guerra e a libertação dos reféns. 
O tempo é deveras senhor da razão e não foi preciso muito para mostrar que o pronunciamento do presidente Lula na Etiópia traduzia, com a sensibilidade e a coragem próprias de um estadista, a terrível contradição de um povo que, vítima de massacre insano no século passado, põe-se agora a cometer barbárie do mesmo gênero e crueldade similar.  
Netanyahu empurra seu povo para uma aventura quiçá apocalíptica quando não hesita em flertar com um conflito nuclear ou até mesmo com a sua generalização. Convoca os jovens judeus espalhados pelo mundo para engrossarem as fileiras do seu exército, enquanto um dos seus filhos (Yair) vive tranquilo em um condomínio de alto luxo em Miami, escoltado por seguranças israelenses (segundo informa a imprensa internacional até fevereiro de 2024).
O extremismo político é invariavelmente cínico, tanto que os sionistas não titubeiam em falsear conceitos e acusar de antissemitismo qualquer um que ousar contestá-los, como se todos os judeus fossem sionistas, o que não é verdade. Alegam serem vítimas desse crime, mas para tentar justificar a prática de outros, verdadeiros, não raro perpetrados contra gente indefesa, sempre dourados por discursos de cunho nacionalista, fundados em razões milenares. 

(*) Jesus Guimarães é professor, bacharel em Direito, funcionário aposentado do BB 
e ex-prefeito de Tupã. 
E-mail: zuguim@uol.com.br

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