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13/12/2024 - 13/12/2024 - Tupã enfrenta uma onda de crimes virtuais. O delegado do 2º Distrito Policial, Paulo César Pardo Soares, disse que a situação já se tornou “alarmante e catastrófica”. Diariamente, a delegacia registra queixas sobre esses golpes em que as vítimas alegam ter perdido R$ 20 mil, R$ 30 mil, R$ 50 mil, entre outros valores. “Infelizmente, o crime virtual é o crime do momento”, afirmou.
O delegado disse que, atualmente, cerca de 40% dos atendimentos da delegacia estão relacionados a golpes virtuais. “E essa é uma investigação difícil. Conseguimos rastrear o dinheiro porque ele cai em alguma conta. Mas quando se chega nessa pessoa, muitas vezes é alguém de idade, não sabe nem assinar o próprio nome e que também foi usada pela quadrilha”, disse. “Essa pessoa vai responder, mas o dinheiro é muito difícil de ser recuperado”, acrescentou.
A previsão é de que esses golpes virtuais possam aumentar ainda mais nos próximos dias, devido as compras de fim de ano feitas pela internet. Dessa forma, as pessoas que efetuam pagamentos por boletos ou possuem contatos virtuais precisam tomar mais cuidado ainda.
Golpes
O delegado elencou uma série de golpes, ou “contos” que são aplicados nas vítimas pelas redes sociais e plataformas digitais. Entre eles está o conhecido “golpe do bilhete premiado”.
Nesse golpe, o estelionatário está de posse de um falso bilhete premiado, por exemplo, e uma segunda pessoa comparsa confirma a veracidade do bilhete. Uma terceira pessoa, incauta, ao acreditar nesse conto, fica com o bilhete e dá um valor em garantia. “Ninguém dá dinheiro de graça para ninguém”, afirmou o delegado. “Se houve a abordagem e isso não serve para mim, devolve o bilhete para a pessoa e acaba o problema”, explicou.
Soares disse que a vítima é enganada por se iludir que receberá um alto valor em dinheiro. “E para receber esse valor ela tem que dar um dinheiro como garantia e os estelionatários pegam o dinheiro e somem com ele”, destacou.
Conto do amor
Neste golpe, aplicado geralmente em mulheres, os golpistas se aproveitam da carência ou da vulnerabilidade emocional da vítima para se aproximarem. “Aqui em Tupã esses criminosos se apresentam como construtores. Eles ludibriam e prejudicam financeiramente as vítimas”, disse. “Nesse caso, conseguimos a prisão preventiva do golpista e ele foi preso”, completou.
Para evitar cair nesse golpe, o delegado explicou que é preciso checar a identidade dessas pessoas. “Não é porque a pessoa fala que é um médico, piloto de avião, ou algo similar que chama a atenção que se deve acreditar”, afirmou. “Nesse caso, o golpista se aproxima, faz compra no nome da vítima, sempre dizendo que teve uma dificuldade e que o cartão foi bloqueado. Ele sempre vai dar uma desculpa para acessar a conta da vítima”, acrescentou.
Conto do parente
Nesse caso, o golpista se passa por parente da vítima e pede dinheiro emprestado para cobrir alguma emergência.
Segundo o delegado, em alguns casos o estelionatário diz que está na estrada com o carro quebrado e precisa passar um dinheiro para o motorista que está dando a carona. E quando chegar na cidade devolve o dinheiro. “Esse golpe é comum, e até policial já caiu nele”, disse.
Conto do
falso boleto
Nesse golpe, a vítima, ao fazer uma compra, sem saber, pega um boleto falso para efetuar o pagamento. O delegado disse que, nesse golpe, a vítima compra uma mercadoria de uma empresa séria, mas o dinheiro do pagamento vai para uma pessoa física de outro Estado. “Como que a compra está sendo feita de uma empresa e o pagamento é feito para uma pessoa física? Para saber se o boleto não é falso é preciso analisar para quem vai esse dinheiro”, observou.
Conto do WhatsApp
Nesse caso, o golpista liga para algum familiar dizendo que perdeu o celular. O estelionatário usa um outro número de celular, mas com a foto de um familiar que pode ser facilmente retirada de uma rede social e colocada no perfil do WhatsApp, se passando pelo parente ou amigo. “Estou com um boletim de ocorrência agora sobre esse caso, em que o indivíduo teve o WhatsApp clonado e o estelionatário está pedindo dinheiro para todos os contatos da vítima”, disse.
Um dos passos para evitar esse golpe, é a vítima tentar ligar no número de costume para ouvir a voz da pessoa e confirmar se o celular está de fato sem serviço, ou está em posse de outra pessoa. Outra dica é se informar com outros familiares para saber se a pessoa de fato está sem celular ou trocou de número.
Conto do delegado
Soares disse que esse caso também é comum, sendo que os estelionatários já até usaram uma foto sua para aplicar esse golpe. Nesse golpe, a vítima que normalmente é um homem, começa a interagir com uma moça, que lhe encaminha fotos sensuais.
Em seguida, entra a figura do falso delegado, dizendo que vai prender a vítima, porque ele teria interagido com uma jovem, menor de idade, configurando crime de pedofilia e, para resolver esse problema, pede dinheiro. “Muitas dessas pessoas que são vítimas são casadas e ficam com medo de ficarem expostas. E preferem mandar o dinheiro e encerrar a situação”, disse. “Só que isso não encerra a situação. O golpista viu a fraqueza da vítima e aproveita para tomar mais dinheiro”, completou.
Conto do site falso
Nesse caso, o internauta entra em um site falso que não é da empresa que de fato está sendo anunciada, faz suas compras e perde o dinheiro pago.
Conto do OLX
Nesse caso, um vendedor anuncia um bem no site da OLX e o estelionatário clona esse anúncio de venda, anuncia por um preço mais baixo e faz a intermediação entre o verdadeiro vendedor e o comprador. “O comprador manda o dinheiro para o estelionatário e quem está vendendo checa que o dinheiro não caiu na sua conta”, destacou Soares.
Conto dos ovos
Nesse caso, os estelionatários se passam por vendedores de ovos e, ao receber pela maquininha de cartão, colocam um valor muito acima do valor de venda. O comprador não confere esse valor na maquininha, passa o cartão e perde dinheiro.
Conto do colchão
Ao efetivar a compra, normalmente feita pela internet, o cliente recebe cerca de dez a 12 boletos com um alto valor, diferente do preço da aquisição.
Conto do
falso processo
Nesse golpe, por exemplo, a pessoa tem uma causa de R$ 100 mil para receber na Justiça, mas para ter acesso ao dinheiro precisa mandar R$ 3 mil para o intermediador pagar as custas do processo. “Se a pessoa tem R$ 100 mil para receber, pede para que mande os R$ 97 mil e desconte os R$ 3 mil”, destacou o delegado. “Mas a pessoa, na ilusão de que vai ganhar R$ 100 mil, acaba pagando. E geralmente são pessoas de mais idade”, disse.
O delegado destacou que muitos processos estão disponíveis na internet e que, qualquer pessoa que tenha um número do registro da OAB, pode acessar esses dados.
Bancos
Soares explicou ainda que o banco nunca manda funcionário buscar cartão na casa de cliente. “Na conversa, o golpista conseguiu obter a senha da vítima. Ele manda alguém na casa da pessoa para pegar o cartão e vai embora”, afirmou. “A população tem que tomar cuidado. É golpe de tudo o que é tipo e maneira”, concluiu.
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