(*) Jesus Guimarães

11/04/2025 - Durante a década seguinte ao fim da 1ª Guerra Mundial, os EUA, cujos campos e indústrias estavam intocados (os conflitos se deram do outro lado do mundo), deitaram e rolaram como produtores e vendedores de tudo que o velho continente, destroçado, precisava.  Muito dinheiro nas mãos, os americanos passaram a investir em ações; daí para a especulação desenfreada, foi um passo. Não demorou a Bolsa de Nova Iorque implodiu em 1929.   
Assim, em 1930 os EUA atravessavam tempos difíceis.  Medidas governamentais houveram, mas sem sucesso, até que o presidente recém-eleito, o republicano Herbert Hoover, resolveu sancionar a lei proposta por dois outros republicanos, senador Reed Smoot e o representante da Câmara, Willis Hawley, no Congresso americano, a qual propunha nada mais nada menos que um “tarifaço” sobre o resto do mundo. E o que estava ruim ficou muito pior. Os países taxados retaliaram e a crise aprofundou-se nos EUA. Frank Delano Roosevelt, democrata, assumiu a Presidência em 1933 e pôs fim à maluquice dos republicanos, permitindo que as coisas voltassem ao normal e a América voltasse a crescer. 
Nos comícios que precederam sua eleição, Trump fazia discursos muito semelhantes ao que defendia o senador Reed Smoot em 1929, clamando por protecionismo da agricultura e da indústria americanas através de super tarifas de importação. Mal assumiu, Trump foi buscar no passado um modelo de comércio internacional que havia metido seu país em terrível recessão na primeira metade do século passado. 
Do que se trata, de burrice, falta de conhecimento, excesso de prepotência? Ensina-se que a história não se repete e quando o faz é como farsa. Todavia, no presente caso, causas e efeitos parecem exatamente iguais ao que se viu no passado. O país é o mesmo, as razões, também, os autores são igualmente republicanos, reacionários, conservadores. E os resultados vão se confirmando de igual gravidade para todo o mundo. 
Quem botará freio nesse destempero? Só no próximo governo? Seria tempo demais, capaz de provocar estragos irreversíveis. O vice de Trump, Vance, é igual ou pior que ele... Uma verdadeira sinuca de bico. 

(*) Jesus Guimarães é professor, bacharel em Direito, funcionário aposentado do BB 
e ex-prefeito de Tupã. 
E-mail: zuguim@uol.com.br