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(*) José Renato Nalini
A ciência comprovou: 2024 foi o ano mais quente já registrado na história da humanidade. Não é palpite. Quem o confirma é a NASA, a ONU, o Observatório Copernicus. Foi o primeiro ano que superou a barreira de 1,5ºC de aquecimento, comparada com os anos pré-industriais. Seria o limite para evitar as trágicas e inevitáveis consequências das emergências climáticas.
Isso significa que o Acordo de Paris já foi descumprido. Segundo especialistas apavorados com a inércia dos moradores neste mundo incandescente, a constatação não resulta de opiniões pessoais, nem de cálculos de modelos complexos. São dados reais, baseados em milhões de observações. Inequívoca a conclusão de que o clima continua aquecendo.
Sentimos aqui no Brasil, ondas de calor – que matam mais do que o frio – e chuva intensa, sem precedentes. Grandes tempestades, ciclones tropicais, em todo o globo os eventos extremos são cada vez mais intensos e mais frequentes.
A Terra já está em estresse térmico, gravíssimo risco à saúde. Em 10 de julho de 2024, o planeta chegou a outro lamentável pico histórico desse indicador: 44% do globo estava afetado por estresse térmico forte ou extremo.
Para os religiosos que se atêm às Sagradas Escrituras, se a água provocou o dilúvio renovador, sepultando a parte da humanidade que não seguia os ditames do Criador, o fim dos tempos virá com fogo. E isso parece confirmar-se, com o aumento gradual e constante da temperatura, sem que os homens tomem providências consistentes para obviar o letal aquecimento.
Como os governos mundiais estão mais interessados em conquistar hegemonia, em exercer o monopólio do poderio e do mando sobre os demais, não se dão conta de que a soberania mudou de patamar, pois é concentrada em conglomerados econômicos cujos capitais são maiores do que os de vários estados, resta à população reagir.
Como? Adotando práticas que retardem o aquecimento. Exigindo dos seus representantes compostura para levar a sério as emergências climáticas. Exercendo a capacidade de externar indignação. Sem isso, é esperar que a morte chegue. Ela não está tão longe. É prestar atenção à ameaça que parecia metáfora e hoje é realidade: o fogo nos consumirá.
(*) José Renato Nalini é reitor da
Uniregistral, docente da pós-graduação
da Uninove e secretário-executivo das
Mudanças Climáticas de São Paulo
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