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(*) Roberto Kawasaki
20/12/2024 - Depois do dólar ultrapassar a taxa de R$ 6,00, criou-se uma incógnita e temor.
Incógnita, pois não se pode garantir qual é o teto do dólar, e temor, porque isso impacta na conjuntura econômica e pode trazer muitos sacrifícios ao povo brasileiro.
Levantei duas tabelas, cujos dados são do Tesouro Nacional, dos últimos 20 anos, intercalados em 5 anos.
A primeira tabela diz respeito ao déficit público primário federal, incluindo prefeituras, governos estaduais e a União, e pode-se aferir que até 2013 tínhamos superávit público, tínhamos um quadro fiscal absolutamente tranquilo.
Contudo, após 2013, nos últimos 10 anos, passamos para déficit e está crescente, daí as preocupações do mercado, dos investidores, acadêmicos, das agências e fundos de investimentos. E ainda que as contas de 2024 ainda não estejam fechadas, o déficit público será muito maior.
A segunda tabela traduz dados da dívida interna líquida federal e está crescente. Sabe-se que esta tabela é derivada da primeira, ou seja, o déficit público requer financiamento (dívida), e os números são assustadores.
Portanto, as reformas da Previdência, tributária, arcabouço fiscal e corte nos gastos públicos são obviamente urgentes e necessários. Isto para impedir que a "dominância fiscal" contamine todos os dados positivos da política econômica.
Por isso que o Bacen (Copom) subiu os juros, como expliquei no artigo anterior. É uma tentativa da política monetária segurar a disparada do dólar e da inflação...
Não há crise cambial para justificar o dólar a R$ 6,00. Assim sendo, de nada adianta o Bacen vender dólares no mercado na tentativa de, elevando a oferta, conter o dólar. Não há crise cambial, porque a balança comercial é superavitária e as reservas internacionais do Brasil são confortáveis (US$ 363 bilhões). Portanto, o problema não é numérico ou cambial, é na verdade, comportamental e psicológico.
É crucial Lula parar de falar fora dos releases e o Congresso, poder Judiciário, militares, PT e oposição bolsonarista se conscientizarem da gravidade do quadro financeiro público brasileiro. As duas tabelas acima traduzem isso, não ?
O Congresso precisa parar de chantagear o governo federal com a questão das emendas parlamentares; o poder Judiciário precisa conter sua sanha de garantir supersalários; o PT precisa parar de atrapalhar a equipe econômica; os militares precisam contribuir e diminuir os ganhos absurdos repassados a familiares e a oposição bolsonarista precisa acordar e apoiar o que é necessário ao Brasil.
(*) Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, professor da Faccat, colunista da TV Câmara de Tupã, colunista da Rádio Cidade,
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