As armadilhas da política econômica

Economia


(*) Roberto Kawasaki

20/09/2024 - Tenho aqui insistido que o desempenho da economia brasileira tem se mostrado positivo, principalmente porque a equipe econômica do governo federal tem sido coerente e coesa. De fato, tem pautado ações equilibradas e transparentes, traduzindo sinalização clara para os agentes econômicos brasileiros e internacionais, de que não há e tampouco haverá sobressaltos e medidas de política econômica estapafúrdias. O que não é pouco.
A política monetária do Banco Central tem sido absolutamente previsível e racional em termos de manter a base monetária e os meios de pagamentos compatíveis com a meta inflacionária. Da mesma forma, a política cambial tem uma gestão bastante ortodoxa e coerente, haja vista os fluxos positivos de dólares em termos de balança comercial e reservas internacionais, com balanço de transações correntes e de pagamentos sob controle. Já a política fiscal, ainda que careça de expectativas da finalização da reforma tributária e a execução razoável do arcabouço fiscal, demonstra que há interlocução entre as políticas monetária, cambial e fiscal. O que requer cuidados é a gestão eficiente do déficit público, que pressiona a dívida pública.
Por isso, a agenda previsível monetária-cambial-fiscal tem auxiliado o bom desempenho da economia brasileira, que causa surpresas a alguns segmentos econômicos, com os bons números auferidos em termos de PIB, desocupação, inflação, consumo, etc.
Como havia capacidade produtiva ociosa respeitável no setor da oferta de bens e serviços, as pressões inflacionárias se mostraram estáveis, entretanto, com a aproximação do teto da capacidade produtiva, com a ociosidade se exaurindo, as pressões inflacionárias devem crescer. Razão pela qual o Banco Central deve manter a Selic em níveis elevados para os padrões do mercado.
O desempenho do PIB tem sido muito positivo, sobretudo pelo desempenho do setor de consumo, pois é sintomática a demanda agregada da economia brasileira ser, ao longo das últimas décadas, reprimida pela inflação, desemprego, pandemia e outras variáveis negativas. Mas, se não houver uma retomada considerável da formação bruta do capital fixo (investimentos produtivos ), e com o teto da capacidade produtiva no limite, o governo terá de tomar medidas de política econômica para conter o avanço inflacionário e, com elas, o PIB deixará de crescer e teremos um ambiente de estagflação, ou seja, recessão e inflação.
Por tudo isso, o controle dos gastos públicos é fundamental para sinalizar elevação de investimentos públicos e estimular investimentos privados para gerar combustível para o crescimento do PIB.

(*) Roberto Kawasaki é economista pela FEA-USP, professor da Faccat, colunista 
da TV Câmara de Tupã, colunista da Rádio Cidade, Tupacity e do Diário

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