04/09/2024 - Os produtores tupãenses de borracha natural não ampliaram sua produção no ano de 2022, mas viram o valor da produção apresentar um aumento de 4% em relação ao ano de 2021. O setor sofre uma forte concorrência no mercado internacional.
Segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos anos de 2021 e 2022 foram produzidas 3.050 toneladas de látex coagulado no município de Tupã. Nos mesmos anos, outros números congelaram: a área colhida nos seringais foi de 1.075 hectares, com rendimento médio de 2 mil quilos por hectare. Já o valor da produção em Tupã, que no ano de 2021 foi de R$ 8.388.000,00, passou para R$ 8.723.000,00 no ano de 2022, o que representou um aumento de R$ 335 mil no período analisado.
Aumento

Segundo informações do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), no ano de 2023 um dos itens que mais demandaram investimentos na produção da borracha natural nos seringais foi a implantação da floresta, que contempla desde o preparo da área - como limpeza, construção de curvas de nível, análise de solo e sua correção, combate à formiga, dentre outros, até os tratos culturais após o plantio e replantio. “Além disso, os investimentos altos na floresta elevam consideravelmente os custos de oportunidade na atividade”, afirmou.
De acordo com o relatório, o setor vem sofrendo com séria queda de competitividade em relação à Ásia principalmente, em decorrência do menor custo de produção naquele mercado. “Os custos mais elevados no Brasil se justificam pela adoção de práticas sustentáveis e pelo cumprimento de rigorosas legislações trabalhistas e ambientais, que não são observadas no sistema produtivo asiático, e dispõe de situações muito precárias”, afirmou. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura de São Paulo, o preço médio recebido pelos produtores recuou 27,3% em 2023, causando queda do Valor da Produção Agropecuária (VPA) Paulista da seringueira, caindo à 18ª posição no ranking de 50 produtos. “Sem remuneração adequada, os produtores acabam por não investir de forma adequada em seus seringais, suprimindo aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas por exemplo, e por consequência, há declínio de produtividade e produção potencial”, destacou.

Remuneração 
defasada
De acordo com o Senar, ainda que as oscilações dos preços pagos aos produtores são influenciadas pela oferta e demanda mundial, bem como variações cambiais e outros fatores intrínsecos ao mercado, a remuneração ao heveicultor brasileiro está defasada e carece de medidas corretivas e estruturantes que promovam maior competitividade. “Com isso, os produtores não conseguem investir adequadamente em seus seringais e a remuneração dos sangradores, que dependem exclusivamente da atividade, também fica cada vez mais comprometida, uma vez que os contratos de parceria são tradicionalmente estabelecidos ao equivalente a 40% do volume extraído, como praticado em ambas as praças mencionadas”, afirmou. “Assim, sangradores estão buscando outras alternativas de sustento e migrando da atividade, fazendo com que a mão de obra fique mais escassa e, consequentemente, mais cara. Portanto, há oneração da atividade e redução ainda maior da renda do produtor, que novamente, não tendo receita suficiente para arcar com essa elevação  adicionalmente  a  todos os custos, tem sua margem cada vez mais estrangulada, perpetuando e agravando a situação”, acrescentou.
Paralelamente, a falta de perspectiva de elevação dos preços pagos ao heveicultor não revela um cenário otimista no curto prazo, causando um movimento severo de arranquio de seringueiras e não renovação de áreas em re-giões representativas, o que pode afetar significativamente a capacidade produtiva do País, gerando, novamente, impactos na ordenação do mercado e seus preços. 

Em vista do contexto e das incertezas que rodeiam essa cadeia produtiva, levantamentos frequentes de custos de produção e o acompanhamento do mercado são de fundamental importância para elencar os principais gargalos do sistema produtivo.