28/02/2025 - A Santa Casa não é apenas o único hospital de Tupã. Ela é o único hospital para cerca de 150 mil habitantes que moram na região. Hoje, o hospital enfrenta uma situação crítica, causada pela falta de recursos para atender a demanda de pacientes. E essa falta de recursos já se reflete nos atendimentos.
Junto a esse problema, o município enfrenta uma epidemia de arboviroses que somava até a tarde de ontem, 1.247 casos de chikungunya e 551 casos de dengue, de acordo com os dados do governo estadual.

A realidade do hospital é algo que preocupa e se tornou pauta de debates na Câmara Municipal. A vereadora Joselaine Pio Rocha, a “Josi da saúde” (PSD), explicou que diariamente recebe “algumas situações relacionadas à Santa Casa”. Na quinta-feira da semana passada, a parlamentar se reuniu com outros vereadores e com a administração do hospital para tratar sobre os atendimentos oferecidos aos pacientes. Em recado direto à administração do hospital, a vereadora disse na sessão camarária da última segunda-feira, dia 24, que “é necessário reconhecer falhas” para que haja mudanças. “Eu acho que é o primeiro passo”.
O segundo passo, de acordo com a vereadora, é “viver o processo” para entender a necessidade dos funcionários e pacientes. “Viver o processo é estar próximo aos funcionários, é estar nos setores, é ouvir os funcionários”, destacou. “O Valdir [provedor da Santa Casa] disse que está fazendo essa aproximação com os funcionários e a informação que temos é que ele tem se aproximado dos funcionários. E esse é o caminho”, completou.

De acordo com a parlamentar, que também é enfermeira, os funcionários sentem na pele a  falta de recursos e de profissionais. “Há funcionários que estão trabalhando sozinhos. Sabemos que estão. Eu não vou expor. A categoria da enfermagem está trabalhando sobrecarregada”.
Segundo “Josi”, a diretoria da Santa Casa disse que já demitiu quatro funcionários por erros em procedimentos. “Muitas vezes o erro de procedimento é por sobrecarga de trabalho. Não justifica, mas acontece”, afirmou.
Em uma experiência na Santa Casa, a vereadora disse que sua mãe estava internada por ter colocado prótese no joelho. “Ela precisou ir ao banheiro e passou mal. Comecei a chamar de dentro do banheiro, não podia sair. Toquei a campainha e nada. Quando eu voltei para o banheiro, ela desmaiou”, disse. “Eu a deixei deitada no chão, fui para o posto de enfermagem, ninguém. Comecei a gritar, coisa que não queria fazer e fiz. A enfermeira veio de um outro setor porque ela estava realmente sozinha naquela ala medicando outro setor que também estava na responsabilidade dela”, completou.

A vereadora explicou que a Santa Casa precisa reorganizar seu processo de trabalho “para ter um olhar humanizado” no atendimento à população e aos funcionários. “A maioria [dos funcionários] quer fazer o melhor para o hospital, mas eles não estão tendo condições”, afirmou. “Os fun-cionários muitas vezes estão adoecendo por conta da sobrecarga de trabalho. Eu repito: existe sobrecarga de trabalho”, acrescentou. 
O Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) realizou inspeção no hospital e, segundo as informações, há melhorias que precisam ser feitas na Santa Casa.  A parlamentar espera que a nova diretoria tenha autonomia para colocar em prática suas novas propostas. “Que não se contaminem e que coloquem em prática todo o pensamento”, destacou. 
O prefeito Renan Pontelli (PSDB) explicou que “mesmo não sendo responsabilidade do município [a gestão do hospital], estamos exigindo providências”.

Dedetização

Outro problema em relação ao hospital é a sua dedetização. Segundo informações, esse serviço deve ser feito, pelo menos, a cada três meses. Mas na Santa Casa, de acordo com pessoas que trabalham no local, “a dedetização demora muito mais do que isso para acontecer”.