Futebol: Campeonato Amador tem início hoje

Esportes


20/09/2024 - Com uma semana de atraso, o Campeonato de Futebol Amador de Tupã começa hoje, sexta-feira, dia 20, com a participação de 18 equipes. A atração é esperada por muitos tupãenses que gostam de prestigiar o esporte e, principalmente, o trabalho das equipes que se preparam durante o ano, mesmo com poucos recursos, para disputar a competição. 
Para esses competidores, o futebol amador faz jus ao próprio nome: fazer por amor. 

Jaçanã
Morador do Jardim Jaçanã há 25 anos, Ednaldo Marques, o “Toco”, de 46 anos, acompanha os times de futebol do bairro desde que se mudou para a região. 
Marques se lembra que, há cerca de 18 anos, o Jaçanã formou um de seus primeiros times de futebol, que chegou, inclusive, a uma final do campeonato varzeano. “Esse era um time bom, difícil de ser vencido. Depois, tivemos problemas com brigas que aconteciam nos sítios e a competição foi acabando. Já não dava mais para marcar amistosos e acabou parando o futebol varzeano no Jaçanã”, disse. 
“Toco” lembra que há cerca de dez anos o antigo time varzeano do Jaçanã venceu o time do São Bento, que estava invicto há quase 30 jogos. “E conseguimos quebrar esse tabu na casa deles”, disse. “Sempre tivemos jogadores bons aqui no Jaçanã, inclusive um artilheiro do varzeano”, acrescentou. 
De acordo com “Toco”, o Campeonato Varzeano de Tupã acabou há cerca de dez anos e teve a participação de times como o São Bento, Arco-Íris e o Jaçanã, por exemplo. “E eram jogos bem disputados. Tínhamos várias chaves, com quatro times, e classificavam dois times de cada chave”, disse.  
O problema desse formato de campeonato à época era que, quando chegava na fase do “mata-mata” e havia empate, passava para a próxima fase quem tinha a melhor campanha, não havia prorrogação ou disputa de pênaltis. “O Varzeano era bom porque tinha bastante time e dava oportunidade para todo mundo. Hoje, graças a Deus, o Campeonato Amador aumentou o número de equipes. Mas teve uma época em que o amador tinha apenas quatro times. E neste ano já temos 18 times e a tendência é de aumentar ainda mais”, afirmou “Toco”, que hoje faz parte da diretoria do time do Jaçanã. “Ficamos muitos anos parados, mas no ano passado uma nova diretoria foi formada pelo professor Dinei, para disputar o Campeonato Amador porque não tem mais o Varzeano em Tupã. No ano passado, o time foi montado e a família Jaçanã já está aumentando. Perdemos jogadores para outros times com mais recursos, mas conseguimos montar um bom time para este ano, e continuamos na luta”, acrescentou.

O time
Esse será o primeiro ano em que o morador Paulo Valdir de Sousa Santos, de 39 anos, estará na diretoria do time do Jaçanã. “Estamos nos programando [como equipe] há quatro anos. A população jaçanãense nos abraçou e isso foi muito importante e fez com que a gente chegasse mais forte neste ano”, disse. 
Apesar das alegrias proporcionadas pelo futebol, Santos disse que nem sempre é fácil manter um time amador. Na maioria das vezes as despesas do clube são pagas pelos próprios jogadores, por seus familiares e outros moradores do bairro. “São diversas dificuldades, principalmente a de manter um jogador. Levamos os nossos jogadores até o campo, fazemos com que os uniformes cheguem e vistam cada um dos nossos atletas da melhor forma possível”, disse. “Na maioria das vezes não temos equipamentos de primeiros socorros e ambulância na beira do campo. Para nós, é muito difícil ter que levar o nosso equipamento de primeiros socorros do nosso bolso, com as nossas famílias. É muito difícil a gente conseguir manter todos os aletas em dia e fazer com que essa demanda atenda a todos”, acrescentou. 
O diretor disse que para estruturar o time “foi preciso muita ousadia” por parte de todos. 

Treinos
Longe do glamour das grandes equipes, os treinos do time amador do Jaçanã acontecem no CTA da Camap. Mas os treinos não são gratuitos. Para treinar no local, cada jogador paga R$ 5,00 pela entrada no clube e uma mensalidade de R$ 10,00 por mês.  “Hoje o Jaçanã possui 25 jogadores e alguns vêm de fora. Esses treinam por fora. Mas quem reside em Tupã treina com a gente no CTA da Camap”, disse. “O pessoal não vive só do futebol, cada um tem o seu serviço. Por isso nem todos podem participar no mesmo dia. Não dá para juntar todo o time para que possa treinar. Isso conseguimos fazer somente com amistosos”, acrescentou. 

Despesas
Todas as despesas do time do Jaçanã são pagas com dinheiro do bolso da própria diretoria. “Não temos suporte, não temos patrocínio. Muitas pessoas ainda não conhecem o nosso trabalho, mas estamos fazendo com que ele chegue ao conhecimento de todos, para que possamos ter um suporte maior”, disse o diretor ao explicar que, por ano, o clube tem uma despesa de cerca de R$ 12 mil. “Isso por baixo, sem colocar os gastos com uniforme, equipamentos de primeiros socorros que, por exemplo, saem do nosso bolso”, disse. 
Devido à dificuldade financeira de muitos jogadores, Santos explicou que muitos atletas não têm condições nem mesmo de comprar os próprios materiais esportivos. “Muitas vezes o próprio ‘Toco’ pegou uma chuteira que ele usava e deu para um jogador. É muito difícil. Alguns vêm debilitados. Você olha para a chuteira do jogador e ela está cheia de esparadrapo”, disse. “O jogador não tem um meião, uma caneleira, que é necessária. Mas temos que fazer isso acontecer do nosso próprio bolso, ou pegar emprestado de outros jogadores”, disse. 

Estrutura

Para Santos, o Campeonato Amador de Tupã ainda tem muitas questões que precisam ser melhoradas como, por exemplo, a qualidade dos gramados. “Para o jogador dominar uma bola é difícil; ela chega ‘quadrada’ no pé dele”, disse. 
O diretor explicou que outra preocupação é a falta de suporte nos atendimentos de saúde e segurança dos clubes. “Essa parte da segurança é debilitada e ficamos inseguros. O jogador está seguro dentro de campo, mas quando ele sai não tem uma segurança, não tem um policiamento, não tem alguém que possa fazer com que essa segurança chegue a todos os familiares”, afirmou. “Obviamente, não vamos deixar um irmão ou um filho apanhar. Esse policiamento para todas as pessoas teria que estar em todos os campos em tempo real”, acrescentou. 

Reivindicações
Santos disse que a diretoria do time do Jaçanã apresentou diversas sugestões à organização do campeonato amador em busca de melhorias para todos os clubes. “Melhorou, porque apresentamos essas reivindicações. Mas tem muita coisa que precisa melhorar ainda.  É necessário melhorar. É prioridade melhorar a parte da segurança e da saúde. Precisamos de uma ambulância na beira do campo”, disse. 
Sem o apoio de seguranças, Santos disse que, inclusive, a arbitragem fica insegura para realizar o seu trabalho dentro de campo. “Muitas vezes o policiamento não se faz presente e os árbitros não se sentem à vontade de fazer o seu trabalho. Um torcedor pode invadir o campo, arremessar objeto e todas essas coisas fazem com que um árbitro ou um atleta não façam o seu trabalho direito por causa de questões de segurança”, destacou. 

Preparação
Santos explicou que a equipe do Jaçanã chega preparada para o Campeonato Amador deste ano.  “Mostramos para o nosso elenco que é necessário estar muito bem porque se não estiver bem, não consegue participar em alto nível”, disse.  “Foi necessária uma cobrança não só por parte da diretoria, mas da parte de toda a família Jaçanã para que isso acontecesse. Esses atletas vão competir um campeonato muito bom, para fazer um campeonato muito bonito e competitivo”, completou. 
O primeiro jogo do Jaçanã acontece neste domingo, dia 22, no campo da Amae II, a partir das 8 horas da manhã, contra a equipe Brutus, da cidade de Bastos. A chave de grupo do Jaçanã é formada pelas equipes: C3, Parnaso, Brutus, Cohab Chris, Varpa e Jaçanã.

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