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Uma tarde quase perfeita!
Geral
(*) Clóvis Saito
09/09/2024 - "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!" ... já dizia o saudoso radialista e locutor esportivo Fiori Giglioti. Assim, eram as tardes de domingo nos anos 70 e 80, ainda criança, ouvindo pelo rádio os jogos do São Paulo. Sentados nas cadeiras na varanda, passávamos ao menos duas horas sem nos incomodar com as marcas deixadas em nossas pernas e costas pelos fios de mangueira fina da cadeira. Uma cervejinha o acompanhava; para nós, um copo americano com refrigerante cheio de cubos de gelo acompanhado daquela pipoca estourada na panela.
O tempo passou, os jogos começaram a ser transmitidos pela TV aberta, depois, pelos canais por assinatura. A cadeira de corda deu lugar a uma poltrona grande, daquelas que abraçam e esquentam o seu corpo como um manto - e fazíamos questão que assim fosse, por saber que aqueles momentos eram seus raros momentos de prazer, assistindo seu time do coração.
Hoje - domingo, 17 de setembro de 2023 -, às 16 horas, na mesma sala, minha filha Maíra e eu estamos assistindo ao primeiro jogo da final da Copa do Brasil, São Paulo contra o Flamengo. Colchão no chão, pipoca ainda de panela e um copo daqueles que prometem manter gelado o refrigerante por muito tempo estão a postos, tudo pronto para uma acirrada partida que promete acirrar as emoções.
O tempo passava e o jogo seguia em um empate que parecia eterno. Mas, então, como um raio de sol rompendo as nuvens escuras, aconteceu. Em um momento de pura magia, ao final do primeiro tempo, o artilheiro Calleri, do São Paulo, marcou um gol incrível, abrindo o placar. Um grito de alegria, um palavrão - "Vamooo, Por.. !!!" - saiu dos meus lábios, e minha filha pulava de felicidade ao meu lado.
No entanto, enquanto celebrávamos a vitória parcial do São Paulo, mesmo diante daquela alegria, a tristeza se manifestava ali, em nossa sala, ao ver aquela poltrona, agora vazia.
Sua presença foi sentida nesta tarde: de alguma forma, ele estava ali, assistindo ao jogo conosco em espírito, celebrando a vitória do nosso time do coração.
Hoje, a sala de casa se encheu de emoções conflitantes, de alegria e saudade. O São Paulo venceu o Flamengo por 1 a 0, mas a verdadeira vitória estava em manter viva sua lembrança, que sempre estaria conosco em cada jogo, em cada gol, e em cada momento especial que compartilhávamos com aqueles que amamos.
Uma tarde quase perfeita; só faltou você presencialmente, Pai.
(*) Clóvis Saito - consultor de criatividade e mentor de potencialidades
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