Saúde: Atendimentos do pronto-socorro são alvos de novas críticas

Geral


14/05/2024 - Pacientes tupãenses continuam enfrentando problemas com atendimentos prestados no pronto-socorro, que continua improvisado no prédio da Santa Casa II, na Rua Coroados, onde funcionava o antigo Hospital São Francisco.
Diversos são os relatos de pacientes insatisfeitos com a prestação dos serviços hospitalares, seja de atendentes, enfermeiros e médicos.

A professora Lucimara Regina Gonçalves, de 48 anos, disse que, constantemente, leva seu pai para ser atendido no Pronto-Socorro da Santa Casa II, mas enfrenta problemas com descaso de funcionários. “Faz mais ou menos seis meses que minhas idas até a unidade têm sido constantes. Apenas dois médicos têm feito um ótimo trabalho. Mas são poucos funcionários que se prestam a exercer as atividades que lhe competem de forma prestativa. A maioria tem tratado pacientes e responsáveis por pacientes muito mal. Sem contar a demora que é de duas a três horas entre a triagem, passagem pelo médico e assistência de medicação. Já aconteceu de o atendimento de entrada ocorrer às 21 horas e ser medicado às 3 horas da manhã”, afirmou.
O pai de Lucimara foi internado no último domingo, dia 12, Dia das Mães, ao sentir dores em um dos dedos do pé que, segundo Lucimara, pode ser acometido por uma infecção, como a gangrena, doença que necrosa e contribui para uma amputação, caso não curada em tempo hábil. “O médico de plantão da noite fez todos os protocolos de atendimento, ficando de aguardar uma vaga para Marília com o médico vascular, para fazer os procedimentos necessários e evitar a amputação”, disse. “Meu pai já tem uma perna amputada devido a essa doença, e se encontra com um tumor: neoplasia de orofaringe e pedra na vesícula”, acrescentou.

Ao retornar para o trabalho no início da semana, Lucimara aproveitou o horário de almoço, que é de uma hora, e deixou de almoçar para fazer companhia ao pai internado. “Quando cheguei, ele estava confuso, querendo sair do hospital. Pior ainda, estava todo urinado e com o pé descalço, infeccio-nado, sobre a urina”, afirmou.
Lucimara disse ainda que funcionários da Santa Casa ameaçaram chamar a polícia, acusando-a de negligência familiar. “Eu sou a única pessoa que está cuidando dele. Quando ele estava bem de saúde, fez vários empréstimos e agora recebe bem pouco. Eu tenho arcado com os custos para ele. Se perco meu emprego, piora a situação”, disse. “Trabalho em escola, sou professora, não tenho essa liberdade de sair e voltar ou fazer o que eu quero. Procurei várias formas de poder ajudar meu pai, mas infelizmente a saúde de Tupã está péssima”, completou.
De acordo com Lucimara, as atendentes da Santa Casa disseram que já não havia mais o que fazer no caso do seu pai. A professora, então, o levou para casa e combinou com as atendentes que aguardaria a vaga do médico vascular, já que levaria seu pai para a consulta. “Assim que elas conseguissem a vaga, me ligariam porque eu o levaria. Hoje [quarta-feira, dia 15] procurei pelo hospital para saber, mas eles tinham finalizado a ficha de internação. Disseram que teriam que fazer tudo de novo”, disse. “Ontem, terça-feira, dia 14, quando levei ele embora, elas disseram que não podiam fazer nada, se meu pai ficasse lá sozinho, que eu tinha que arrumar alguém para acompanhá-lo, porque elas tinham o que fazer e não ficar cuidando do meu pai. Entendo que, se ele deve aguardar a vaga, deveriam manter ele no padrão de uma internação, acomodado, recebendo medicação que corresponda ao tratamento para não piorar, e a medicação de uso diário que ele usa, mas não foi isso o que aconteceu”, disse. “Tanto eu quanto meu pai fomos expostos a uma situação ridícula e precária, sob risco de  piorar a situação de um paciente que buscou o hospital para solucionar um problema e não adquirir mais”, afirmou.
Lucimara disse ainda que, na madrugada de segunda-feira, dia 13, por volta das 3 horas da manhã, estava com frio. Ela pediu ajuda a uma enfermeira para se aquecer, mas foi tratada com pouco caso. “Pedi a uma enfermeira um lençol para abrigar meus braços, porque até então não imaginava que demoraria tanto o atendimento. Eu estava de shorts e uma blusinha sem mangas. Eu realmente estava com frio. Mas, ao pedir o lençol, a enfermeira me olhou com olhar de deboche, fez ‘hum’ e não me trouxe o lençol. Fiquei com frio e me abriguei com os braços por dentro da minha blusa”, afirmou. “A estupidez de alguns funcionários lá é frequente. Médicos que chamam pacientes com má vontade, e torcendo a cara. Uma das vezes que estive para atender meu pai, a médica estava com os pés em cima da cadeira. Dependendo, entram para um cômodo e ficam conversando, rindo e pessoas chorando”, acrescentou.

A professora disse que na terça-feira, dia 14, procurou ajuda em diversos órgãos da cidade, mas não conseguiu nada. “Em alguns casos, procurei a Secretaria Municipal de Saúde, vereadora, secretário, assistente social e nada. Só decepção de não ter recursos suficientes para procurar médicos em outras cidades. Agora até particular está difícil, pois não consegui consulta para o meu pai. O pé dele corre risco de ter que amputar, coisa que poderia ser evitado”, afirmou. “Pude presenciar muitas coisas que aconteceram lá, que me deixaram horrorizada e continuam me deixando muito mal. Em outros casos, ainda há demora em transporte de pacientes para outros hospitais e para outras cidades e internações”, destacou.

Outro lado

Em relação ao caso de Lucimara, o administrador da Santa Casa, Laércio Garcia, explicou que o pronto-socorro é geral e, quando algum paciente precisa de uma avaliação especializada não existente em Tupã, são utilizados os serviços médicos da cidade de Marília. “Neste caso, temos um problema social. Acredito que, quando mudarmos de volta o pronto-socorro, teremos uma redução significativa de problemas de atendimento. Trabalhar com uma unidade totalmente dependente de um hospital, estando separado dele, fica difícil”, afirmou. 

Garcia explicou que a construção do novo pronto-socorro, na Rua Manoel Ferreira Damião, já está praticamente pronta. “Estamos preparando a parte interna de equipamentos e mobiliários. Acredito que em menos de 30 dias já poderemos mudar”, destacou.

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