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Há falta de diversidade de árvores na cidade e a padronização no plantio de praticamente uma espécie arbórea, o oiti, tanto no centro quanto nos bairros periféricos de Tupã, fez com que o funcionário público estadual Denis Trisoglio tomasse uma atitude e criasse, há cerca de 15 anos, o Clube da Árvore.
Hoje, literalmente, a ideia já vem rendendo boas sementes por diversos cantos da zona urbana, conta o fotógrafo Eduardo Dantas, que participa ativamente do clube.
Dantas disse que começou a participar do grupo desde 2011, quando retornou para Tupã depois de morar por diversos anos em Campinas, onde também participava de atividades envolvendo a conscientização e a educação ambiental. “Em 2011, vim para Tupã. Minha família é daqui. E conhecendo o Denis (Trisoglio), me juntei ao grupo”.
Eduardo explicou que o Clube da Árvore é formado por um grupo de voluntários que dedicam praticamente todos os finais de semana a atividades de plantio e manutenção de mudas de árvores plantadas pelos voluntários. “É um clube que não tem sede própria, formada por voluntários, e não recebe recursos de nenhuma instituição pública e privada, e que, quando precisa de alguma coisa, é pago do próprio bolso”.
Indagado sobre a criação do clube, Trisoglio recordou o seu objetivo. “Criamos o Clube da Árvore para enriquecermos nossa cidade com árvores nativas e diferenciadas. Nossa cidade é pobre de árvores e padronizada com um única espécie, que é o oiti. Apesar de nativa, não poderia ser quase 80%. Já conseguimos inúmeras árvores diferenciadas aqui na estância”, conta o fotógrafo tupãense, destacando que a idéia que foi transformada em ação já vem dando resultados. “Desde que o grupo foi formado, temos árvores que plantamos e já dão sementes”.
Atualmente os membros do grupo estão fazendo coleta de sementes, pois de acordo com Dantas, entre os meses de agosto até dezembro, a maior parte das árvores brasileiras dão sementes. “A coleta de sementes nós fazemos em grupo ou individual. Dias atrás vi pela primeira vez aqui em Tupã um jacarandá da Bahia dando sementes. Na oportunidade, também fotografei”.
Eduardo disse que a pessoa que tem interesse em identificar nomes de plantas e árvores, é só ir à página do facebook e pesquisar identificação de plantas.
Depois de sair pela cidade e fazer a coleta de sementes, os membros do grupo fazem a doação ao Viveiro Municipal ou para o Viveiro do Manezinho, localizado no centro de vizinha cidade de Herculândia. “Semana passada doamos sibipiruna, olho de cabra, jacarandá, caju, pau brasil, mulumbú e chichá. Do pau brasil, eu consegui as sementes numa rua em Marília. Consegui pegar mais ou menos duzentas sementes”.
O Clube da Árvore e o Viveiro Municipal têm uma parceria informal, pois as sementes coletadas são em parte levadas para o Viveiro Municipal, onde são plantadas pelos funcionários e distribuídas para a população gratuitamente. Outra parte vai para o viveiro em Herculândia. “Antes, nós comprávamos as mudas e hoje nós levamos as sementes para plantar. O Manézinho doa para a gente”, disse Dantas.
Dados da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente mostram que foram produzidas no Viveiro Municipal de Tupã, 12.269 mudas de plantas de janeiro até agosto deste ano. No local são produzidas mudas de árvores nativas e frutíferas e ornamentais. Cada cidadão tupãense pode se dirigir até o viveiro e pegar 10 mudas por mês.
O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, José “Vinagre” Rodrigues, elogiou o trabalho do Clube da Árvore. “O clube é muito importante, pois seus membros incentivam a prática adequada da arborização”.
Além de estarem coletando sementes de árvores todo final de semana, os membros do clube também aproveitam sábado e domingo, quando não chove, para regar as mudas nativas de árvores e plantas ornamentais que foram plantadas na Pista de Skate “Sakae Ishida”. Dantas explicou que para deixar o espaço mais próximo de um ecossistema, foram plantadas mudas de árvores frutíferas como pitanga e jaboticaba, atraindo muitos pássaros. Também frisou a necessidade de manutenção das árvores plantadas. “Quando realizamos o plantio das árvores, precisamos levar galões de água porque não existia no local torneiras para regar. Precisamos regar as árvores entre os meses de janeiro e maio até que a Sabesp colocasse água”.
Legislação
Ao leitor interessado em plantar muda de árvore no seu calçamento de forma adequada, tanto o capitulo VI do Plano Diretor de Tupã que é de 2009 quanto a Lei nº 4.638, de 2013, que disciplina a Arborização Urbana, trazem de forma simples as informações para que o munícipe possa fazer o plantio adequadamente.
Na mesma lei municipal, o leitor vai encontrar uma lista de árvores brasileiras e exóticas de pequeno e médio porte para realizar o plantio.
Fogo
O trabalho voluntário do Clube da Árvore é gratificante, porém nem sempre é tarefa fácil.
Em 2018, na Rua Estados Unidos, próximo à Ceagesp, os membros do clube, juntamente com as Filhas de Jó, entidade ligada à Maçonaria de Tupã, realizaram o plantio de cerca de 30 mudas de árvores nativas. Porém, o fogo queimou grande parte das mudas. O trabalho de recomposição de mudas de árvores no local foi realizado novamente, mas nova queimada atingiu quase todas as mudas de árvores.
De acordo com Dantas, o local à beira da Rua Estados Unidos possui uma área com mato alto e é alvo de pessoas que passam na área e ateiam fogo. “Agora estamos esperando uma boa chuva para realizar novo plantio”, informou.
Eduardo explicou que a Secretaria de Obras, através do secretário Valentim Bigeschi, atendeu a solicitação do clube e realizou no inicio do mês de outubro um nivelamento de terra e a limpeza com trator na área. A 4ª Promotoria de Tupã, através do promotor de Justiça, Marcelo Brandão Fontana, elogiou o trabalho realizado pelo Clube da Árvore de Tupã. “Acredito muito nessa atitude do clube. É importante manter essas parcerias com prefeitura e associações de bairro também”, disse.
Brandão destacou também o papel do clube para divulgar a educação ambiental.
Na oportunidade, citou parágrafos da Lei nº 9.795, de 1999, que recomenda aos meios de comunicação de massa colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação , e a sociedade como um todo manter a atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a preservação, a identificação e a solução de problemas ambientais.
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